Usamos muitas vezes a palavra verdade em nossas vidas,
antes mesmo de nos fazermos o seguinte questionamento, o que é a verdade? Isso
ocorre até o momento em que surge essa dúvida ou essa dúvida nos é posta.
Existe uma gama muito grande de correntes filosóficas que
tentam explicar o significado da magnânima palavra batizada solenemente de
verdade, algumas correntes dizem que ela é relativa, outras que é subjetiva, até
mesmo que não existe ou que é impossível de se conhecer, não cessa por ai,
ainda encontramos muitas outras concepções.
Antes de tudo a nossa ideia de verdade foi construída ao
longo dos séculos, isso significa que ela possui uma história, história essa
que se inicia na Grécia após o período pré-socrático, mais precisamente com
Sócrates e Platão.
Na obra da filósofa brasileira Marilena Chauí, intitulada
“Convite a Filosofia”, está expresso
que em grego a verdade se diz “aletheia”,
que significa não-oculto, não-escondido, não-dissimulado, logo a verdade seria
a manifestação daquilo que é, ou existe tal como é.
Com esse raciocínio a verdade seria uma qualidade própria
das coisas, o verdadeiro está nas próprias coisas, dizer o verdadeiro seria ver
a realidade e dizer à verdade que está na própria realidade.
Com o passar do tempo à ideia de verdade foi caminhando
para o que os filósofos chamam hoje de ideia tradicional de verdade, ou seja, a
verdade como adequatio esse termo
indica que só haverá verdade quando houver adequação
entre o objeto e o conhecimento que temos dele.
Emite-se um juízo descrevendo que a camiseta é azul, a
verdade seria a adequação do meu juízo ao objeto (camiseta), se com isso
voltarmos o olhar para o objeto (camiseta) e constatarmos que sua cor realmente
é azul, pronto isso estaria adequado ao meu enunciado logo, ele seria
verdadeiro, caso contrário seria falso.
Esta é basicamente a ideia tradicional de verdade, embora
essa concepção seja contestada desde o inicio da modernidade, apesar disso, a
maior parte das pessoas tentam entender a verdade como adequação.
O filósofo Thomas
Hobbes apesar de ser mais conhecido no âmbito político, ele se opôs a essa
explicação tradicional de verdade.
Recapitulando a ideia tradicional de verdade consisti na
adequação, entre conhecimento e o objeto, por exemplo: o que eu sei sobre o mar
está adequado ao que ele é? Ora, para Thomas Hobbes aqui existe um problema.
Quem pode dizer se meu conhecimento do mar é adequado ao
ser do mar? Ora, somente outra pessoa pode analisar tal afirmação, porém, o que
lhe oferece o poder para decidir se minha ideia sobre o mar é verdadeira ou
não?
Como sabe essa pessoa, qual conhecimento está adequado ao
ser do mar? Só uma terceira pessoa e depois uma quarta uma quinta, sendo assim
se cria um circulo vicioso até o infinito, logo se constata uma inconsistência
na noção tradicional de verdade.
Por mais que pensamos saber “exatamente” o que é a
verdade, ela parece nos escapar entre os dedos e nos deixar inquietos para
sabermos o que de fato ela é.
Algumas pessoas dizem que a verdade é relativa, ou que na
realidade tudo é relativo, o que essas pessoas não veem é que esse enunciado é
no mínimo contraditório, pois, um juízo que diz: a verdade é relativa, ao mesmo tempo em que se diz isto, o
indivíduo está constatando uma suposta verdade absoluta, assim se poderia dizer
em outras palavras, existe uma verdade absoluta, a verdade absoluta de que a
verdade é relativa, percebem essa contradição?
Também encontramos aquelas pessoas que dizem não existir
a verdade, mais também não percebem que ao proferir: não existi a verdade, estão comprovando a existência de uma
verdade, ou seja, a não existência da verdade.
Caem em paradoxos terríveis ao tentar apalpar a verdade,
isso me faz pensar, que de fato a verdade, foi construída ao longo dos séculos,
o que nos impulsiona a acreditar que a verdade é uma criação histórica, que
muda de acordo com as condições históricas e sociais, ora a verdade é uma construção
histórica, logo uma invenção do homem, outro paradoxo.
Como pode a verdade ser uma criação, assim como a mentira?
Então a verdade no fundo é uma falácia que nos contam e que constantemente pode
mudar de acordo com o tempo e as necessidades sociais?
Percebem que o novo Papa pode fazer algumas mudanças nas intocáveis
“verdades” cristãs, transformando-as assim em novas “verdades”? Isso vai
acontecer se o novo Papa mudar a postura da igreja, diante de alguns dogmas que
já estão ultrapassados e que seria muito sensato, da parte do novo representante
da igreja modifica-los.
Até mesmo, para continuar mantendo o poder da igreja, já
que sua postura conservadora em um mundo pós-moderno, consequentemente irá
findar em perder boa parte de seus fiéis.
Com certeza, a
igreja não quer pagar pra ver a sua falência e logo irá aderir a novas
“verdades” santas.
(Alex Domingos).
(Alex Domingos).
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