sexta-feira, 8 de março de 2013

Uma reflexão sobre a verdade.





Usamos muitas vezes a palavra verdade em nossas vidas, antes mesmo de nos fazermos o seguinte questionamento, o que é a verdade? Isso ocorre até o momento em que surge essa dúvida ou essa dúvida nos é posta.

Existe uma gama muito grande de correntes filosóficas que tentam explicar o significado da magnânima palavra batizada solenemente de verdade, algumas correntes dizem que ela é relativa, outras que é subjetiva, até mesmo que não existe ou que é impossível de se conhecer, não cessa por ai, ainda encontramos muitas outras concepções.

Antes de tudo a nossa ideia de verdade foi construída ao longo dos séculos, isso significa que ela possui uma história, história essa que se inicia na Grécia após o período pré-socrático, mais precisamente com Sócrates e Platão.

Na obra da filósofa brasileira Marilena Chauí, intitulada “Convite a Filosofia”, está expresso que em grego a verdade se diz “aletheia”, que significa não-oculto, não-escondido, não-dissimulado, logo a verdade seria a manifestação daquilo que é, ou existe tal como é.

Com esse raciocínio a verdade seria uma qualidade própria das coisas, o verdadeiro está nas próprias coisas, dizer o verdadeiro seria ver a realidade e dizer à verdade que está na própria realidade.

Com o passar do tempo à ideia de verdade foi caminhando para o que os filósofos chamam hoje de ideia tradicional de verdade, ou seja, a verdade como adequatio esse termo indica que só haverá verdade quando houver adequação entre o objeto e o conhecimento que temos dele.

Emite-se um juízo descrevendo que a camiseta é azul, a verdade seria a adequação do meu juízo ao objeto (camiseta), se com isso voltarmos o olhar para o objeto (camiseta) e constatarmos que sua cor realmente é azul, pronto isso estaria adequado ao meu enunciado logo, ele seria verdadeiro, caso contrário seria falso.

Esta é basicamente a ideia tradicional de verdade, embora essa concepção seja contestada desde o inicio da modernidade, apesar disso, a maior parte das pessoas tentam entender a verdade como adequação.

 O filósofo Thomas Hobbes apesar de ser mais conhecido no âmbito político, ele se opôs a essa explicação tradicional de verdade.

Recapitulando a ideia tradicional de verdade consisti na adequação, entre conhecimento e o objeto, por exemplo: o que eu sei sobre o mar está adequado ao que ele é? Ora, para Thomas Hobbes aqui existe um problema.

Quem pode dizer se meu conhecimento do mar é adequado ao ser do mar? Ora, somente outra pessoa pode analisar tal afirmação, porém, o que lhe oferece o poder para decidir se minha ideia sobre o mar é verdadeira ou não?

Como sabe essa pessoa, qual conhecimento está adequado ao ser do mar? Só uma terceira pessoa e depois uma quarta uma quinta, sendo assim se cria um circulo vicioso até o infinito, logo se constata uma inconsistência na noção tradicional de verdade.

Por mais que pensamos saber “exatamente” o que é a verdade, ela parece nos escapar entre os dedos e nos deixar inquietos para sabermos o que de fato ela é.

Algumas pessoas dizem que a verdade é relativa, ou que na realidade tudo é relativo, o que essas pessoas não veem é que esse enunciado é no mínimo contraditório, pois, um juízo que diz: a verdade é relativa, ao mesmo tempo em que se diz isto, o indivíduo está constatando uma suposta verdade absoluta, assim se poderia dizer em outras palavras, existe uma verdade absoluta, a verdade absoluta de que a verdade é relativa, percebem essa contradição?

Também encontramos aquelas pessoas que dizem não existir a verdade, mais também não percebem que ao proferir: não existi a verdade, estão comprovando a existência de uma verdade, ou seja, a não existência da verdade.

Caem em paradoxos terríveis ao tentar apalpar a verdade, isso me faz pensar, que de fato a verdade, foi construída ao longo dos séculos, o que nos impulsiona a acreditar que a verdade é uma criação histórica, que muda de acordo com as condições históricas e sociais, ora a verdade é uma construção histórica, logo uma invenção do homem, outro paradoxo.

Como pode a verdade ser uma criação, assim como a mentira? Então a verdade no fundo é uma falácia que nos contam e que constantemente pode mudar de acordo com o tempo e as necessidades sociais?

Percebem que o novo Papa pode fazer algumas mudanças nas intocáveis “verdades” cristãs, transformando-as assim em novas “verdades”? Isso vai acontecer se o novo Papa mudar a postura da igreja, diante de alguns dogmas que já estão ultrapassados e que seria muito sensato, da parte do novo representante da igreja modifica-los.

Até mesmo, para continuar mantendo o poder da igreja, já que sua postura conservadora em um mundo pós-moderno, consequentemente irá findar em perder boa parte de seus fiéis.
 Com certeza, a igreja não quer pagar pra ver a sua falência e logo irá aderir a novas “verdades” santas. 

(Alex Domingos).

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