Primeiramente é importante ressaltar que esse texto, exige que
sejamos abertos a novas ideias e novas perspectivas, para que assim possamos
dialogar sobre assuntos que são de extrema importância e por isso merecem ser
debatidos, refletidos.
Portanto, quem não gosta de refletir ou sair de sua zona
de conforto, sugiro que não leia esse texto, por conseguinte vá assistir tv ou
ler o pequeno príncipe, porém quem tiver o espirito de aventureiro, possuindo
assim a ânsia de conhecer “novas terras”, seja bem vindo, falaremos um pouco
sobre o niilismo.
O termo niilismo apesar de ter sido cunhado pela primeira
vez na filosofia, pelo filósofo antigo Górgias, esse tema foi retomado na
modernidade pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche, que se tornou muito
conhecido, pelas suas críticas a filosofia, ciência e cultura.
Antes de tudo, o niilismo é passível de muitas definições
e possui muitos disfarces, por esse motivo nos limitaremos a explicar algumas
de suas mazelas para um melhor entendimento do termo.
Mais o que significa esse termo niilismo? Niilismo vem do
latim (Nihil), que designa o nada, o
nada de sentido, aniquilamento ou quando a vida passa ter o valor de nada,
assim o homem passa a afirmar o “nada”, com isso muitos acabam mergulhando em um
terrível vazio existencial, aceita a depressão como estado de vida e findam por
não ter mais esperança.
O problema que Nietzsche enxerga no niilismo é quando a
partir dele a vida assume um valor de nada e por isso é depreciada, o homem
passa a negar a vida, assumindo um terrível peso, muitos se resignam da vida e
passam a se tornar apenas, uma mera função social.
Tendo em vista isso, o que incomoda muito o pensador, é a
sua percepção de que todos nós (aqui ele exagera um pouco, mas faz parte da sua
maneira explosiva de fazer filosofia), todos nós, somos frutos de uma única
perspectiva de mundo, segundo Nietzsche, o ocidente é vítima de uma única visão
de mundo que nega a vida, que visão é essa? A visão socrática platônica, que
foi remodelada pela religião judaico-cristã, para que se tornasse acessível ao
povo, inclusive no seu livro intitulado A
Genealogia da Moral, Nietzsche chega a dizer que o “cristianismo é um platonismo para o povo”.
Como assim o cristianismo é um platonismo para o povo?
Ora Platão foi um dos primeiros pensadores a declarar que esse mundo em que nós
vivemos é um mundo das aparências, um mundo ilusório, portanto já que tudo muda
logo, a verdade não pode existir nesse mundo de mudanças, por isso é preciso
que exista outro mundo, onde nada mude, por isso seja verdadeiro, o cristianismo segundo o autor teria se apropriado das ideias de Platão para que assim pudesse ser entendida pelo povo, que supostamente não teria acesso a filosofia platônica.
Platão propagou seu dualismo, assim nosso mundo se tornou
o mundo da aparência e criou outro mundo como sendo o mundo das ideias, onde
não existe a mudança, tudo é verdadeiro, belo, eterno e perfeito.
A religião judaico-cristã
de certa forma teria se apropriado dessa filosofia, que ganhou a graça do povo
durante os períodos históricos, gerando assim um tipo de niilismo que Deleuze interpretando Nietzsche, caracterizou como niilismo negativo.
Na obra Genealogia
da Moral, Nietzsche sublinha esse tipo de niilismo como um niilismo que
deteriora a vida, pelo fato de negar o corpo, negar seus instintos e reprimir
as paixões, ou seja, negação da vida em prol de valores superiores, como se
houvesse, coisa que Nietzsche não aceita, valores que sejam superiores à
própria vida, Nietzsche é digamos um filosofo da vida, em última instância o
que nós temos vida é o que avalia as coisas.
O
niilista negativo, nega sua vida, tanto seus instintos, paixões
suas pulsões em prol de uma recompensa futura, a tão sonhada vida eterna, com
isso passa a não viver intensamente o presente com um receio de não ser
contemplado com a eternidade, ou o mundo que Platão idealizou.
Para o niilista
negativo, viver na terra só tem sentido quando volta seu olhar para o além,
ele quer acreditar que essa vida é somente uma passagem para uma vida melhor,
perfeita, imutável, ou seja, um mundo ideal.
Com isso a vida é depreciada, o homem se martiriza nessa
vida, esperando uma “recompensa” no futuro, que para Nietzsche não existe, e
ele alerta que essa visão de mundo deve ser superada.
É bom lembrar que não estamos nos referindo à fé, mais
sim a moral judaico-cristã, que para o autor é a moral da fraqueza, ora, o céu
está reservado aos pobres de espírito, os aleijados, quem nunca ouviu falar que
é dos fracos e oprimidos é o reino do céu, isso vai totalmente contra, a
afirmação da vida de que Nietzsche nos chama a atenção, vai contra a tudo que é
forte e são, claro, se é mais fácil um camelo passar num buraco da agulha do
que um rico entrar no reino dos céus, nós devemos ser fracos, tristes e humildes
e isso é negar a vida, pro autor a história da humanidade é a história da
negação da vida. (MOSÉ, Viviane. Café filosófico).
De modo que os valores fortes e sadios foram invertidos
pela moral judaico-cristã ao longo da história, com isso a corrente de negação
da vida triunfou durante o tempo de dois mil anos, portanto a moral que chegou
até nós seria uma moral da negação da própria vida, ou seja, uma moral nega
essa vida em nome de uma "possível" eternidade futura.
(Alex Domingos)