segunda-feira, 15 de abril de 2013

Niilismo negativo em Nietzsche.










Primeiramente é importante ressaltar que esse texto, exige que sejamos abertos a novas ideias e novas perspectivas, para que assim possamos dialogar sobre assuntos que são de extrema importância e por isso merecem ser debatidos, refletidos.

Portanto, quem não gosta de refletir ou sair de sua zona de conforto, sugiro que não leia esse texto, por conseguinte vá assistir tv ou ler o pequeno príncipe, porém quem tiver o espirito de aventureiro, possuindo assim a ânsia de conhecer “novas terras”, seja bem vindo, falaremos um pouco sobre o niilismo.

O termo niilismo apesar de ter sido cunhado pela primeira vez na filosofia, pelo filósofo antigo Górgias, esse tema foi retomado na modernidade pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche, que se tornou muito conhecido, pelas suas críticas a filosofia, ciência e cultura.

Antes de tudo, o niilismo é passível de muitas definições e possui muitos disfarces, por esse motivo nos limitaremos a explicar algumas de suas mazelas para um melhor entendimento do termo.

Mais o que significa esse termo niilismo? Niilismo vem do latim (Nihil), que designa o nada, o nada de sentido, aniquilamento ou quando a vida passa ter o valor de nada, assim o homem passa a afirmar o “nada”, com isso muitos acabam mergulhando em um terrível vazio existencial, aceita a depressão como estado de vida e findam por não ter mais esperança.

O problema que Nietzsche enxerga no niilismo é quando a partir dele a vida assume um valor de nada e por isso é depreciada, o homem passa a negar a vida, assumindo um terrível peso, muitos se resignam da vida e passam a se tornar apenas, uma mera função social.

Tendo em vista isso, o que incomoda muito o pensador, é a sua percepção de que todos nós (aqui ele exagera um pouco, mas faz parte da sua maneira explosiva de fazer filosofia), todos nós, somos frutos de uma única perspectiva de mundo, segundo Nietzsche, o ocidente é vítima de uma única visão de mundo que nega a vida, que visão é essa? A visão socrática platônica, que foi remodelada pela religião judaico-cristã, para que se tornasse acessível ao povo, inclusive no seu livro intitulado A Genealogia da Moral, Nietzsche chega a dizer que o “cristianismo é um platonismo para o povo”.

Como assim o cristianismo é um platonismo para o povo? Ora Platão foi um dos primeiros pensadores a declarar que esse mundo em que nós vivemos é um mundo das aparências, um mundo ilusório, portanto já que tudo muda logo, a verdade não pode existir nesse mundo de mudanças, por isso é preciso que exista outro mundo, onde nada mude, por isso seja verdadeiro, o cristianismo segundo o autor teria se apropriado das ideias de Platão para que assim pudesse ser entendida pelo povo, que supostamente não teria acesso a filosofia platônica.

Platão propagou seu dualismo, assim nosso mundo se tornou o mundo da aparência e criou outro mundo como sendo o mundo das ideias, onde não existe a mudança, tudo é verdadeiro, belo, eterno e perfeito.

 A religião judaico-cristã de certa forma teria se apropriado dessa filosofia, que ganhou a graça do povo durante os períodos históricos, gerando assim um tipo de niilismo que  Deleuze interpretando Nietzsche, caracterizou como niilismo negativo.

Na obra Genealogia da Moral, Nietzsche sublinha esse tipo de niilismo como um niilismo que deteriora a vida, pelo fato de negar o corpo, negar seus instintos e reprimir as paixões, ou seja, negação da vida em prol de valores superiores, como se houvesse, coisa que Nietzsche não aceita, valores que sejam superiores à própria vida, Nietzsche é digamos um filosofo da vida, em última instância o que nós temos vida é o que avalia as coisas.

O niilista negativo, nega sua vida, tanto seus instintos, paixões suas pulsões em prol de uma recompensa futura, a tão sonhada vida eterna, com isso passa a não viver intensamente o presente com um receio de não ser contemplado com a eternidade, ou o mundo que Platão idealizou.

Para o niilista negativo, viver na terra só tem sentido quando volta seu olhar para o além, ele quer acreditar que essa vida é somente uma passagem para uma vida melhor, perfeita, imutável, ou seja, um mundo ideal.

Com isso a vida é depreciada, o homem se martiriza nessa vida, esperando uma “recompensa” no futuro, que para Nietzsche não existe, e ele alerta que essa visão de mundo deve ser superada.

É bom lembrar que não estamos nos referindo à fé, mais sim a moral judaico-cristã, que para o autor é a moral da fraqueza, ora, o céu está reservado aos pobres de espírito, os aleijados, quem nunca ouviu falar que é dos fracos e oprimidos é o reino do céu, isso vai totalmente contra, a afirmação da vida de que Nietzsche nos chama a atenção, vai contra a tudo que é forte e são, claro, se é mais fácil um camelo passar num buraco da agulha do que um rico entrar no reino dos céus, nós devemos ser fracos, tristes e humildes e isso é negar a vida, pro autor a história da humanidade é a história da negação da vida. (MOSÉ, Viviane. Café filosófico).

De modo que os valores fortes e sadios foram invertidos pela moral judaico-cristã ao longo da história, com isso a corrente de negação da vida triunfou durante o tempo de dois mil anos, portanto a moral que chegou até nós seria uma moral da negação da própria vida, ou seja, uma moral nega essa vida em nome de uma "possível" eternidade futura.

(Alex Domingos)

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Ser humano: Um ser de Angústia.





Qual existência nunca se deparou com esse sentimento “misterioso”, chamado angústia? Alguns até podem dar outro nome, mas o fato, é que todos nós estamos sujeitos a ela, simplesmente porque a angústia faz parte da existência humana, em outros termos a angústia é inerente à condição existencial do homem.

O filósofo Dinamarquês, Sóren Kierkegaard (1813-1855), que é considerado o pai do existencialismo, chegou a escrever uma obra inteira dedicada a esse tema, intitulada o conceito da angústia, na obra Kierkegaard conceitua a angústia como o medo do indefinido, ou medo do desconhecido.

Faz total sentido, pois geralmente, quando estamos angustiados não sabemos com precisão o porquê deste sentimento, findamos em procurar um motivo, ou uma causa pra esse sentimento, sendo que muitas vezes atribuímos erroneamente à angústia a uma situação ou um objeto que nada tem a ver com ela, e sofremos por isso.

Tendo em vista que conhecendo a causa desse medo, ele já não será mais angústia, será medo de algo determinado, por exemplo, medo de aranha, medo da morte, medo do futuro, a angústia segundo Kierkegaard, não tem um objeto definido, por isso angústia, por isso o medo do não conhecido.

Nas palavras de Kierkegaard: angústia seria como a vertigem diante de um abismo, diante do que não é mais poderia ser.

Grande maioria das pessoas entende a angústia como algo negativo, depreciativo, ao contrário kierkegaard, considera a angústia como a possiblidade do ser humano alcançar a autenticidade.

Ora quando sentimos angústia, somos capazes de refletir coisas que não o faríamos em situações normais e refletir com autenticidade, pois quando nos deparamos com a angústia perdemos nosso chão, com isso não existe religião que consiga dar conta, não tem filosofia capaz de oferecer uma resposta convincente e não tem moralidade que possa nos abster de tal situação.

Com isso através da angústia, temos a possibilidade, de nos tornarmos seres autênticos, percebendo, o que de fato tem valor significativo em nossas vidas, e aquilo que não tem tanto valor assim.

Kierkegaard chama a atenção também para que o homem, por mais difícil que seja se torne singular, único, pois, para ele a sociedade não passa ainda de um conjunto de criaturas animais que mais se parece com um rebanho.

Para o pensador a maior parte dos homens são somente “eus”, refreados sobre si mesmo, em lugar de tornarem-se verdadeiros “eus”, se transformam numa terceira pessoa genérica.

Mais porque sentimos angústia? De onde será que ela nasce?

O filósofo francês Jean Paul Sartre, também se debruçou sobre tal tema, nessas reflexões, Sartre caracterizou o homem como um ser de angústia: o existencialista gosta de declarar que o homem é angústia. Significa isso: o homem que se compromete e percebe que não é apenas aquele que escolhe ser, mas que é também um legislador.

Há muita gente que não demonstra angústia e até está convencida de não sofrê-la, mas a angústia se aninha constantemente no coração do homem, e pra Sartre: se existir é escolher, existir é sofrer angústia.

O ser humano está lançado no mundo, ele não optou por existir, mas está condenado a ser livre e fazer escolhas que ninguém pode fazer por ele, não devemos por isso, deduzir que um ser transcendente qualquer o teria condenado, a liberdade não é uma pena. Por condenado deve-se entender apenas que o homem, em todas as situações, não pode não escolher, tendo em vista que se o homem escolher não escolher, já fez uma escolha, essa é a única restrição à liberdade.

A todo o tempo estamos escolhendo, desde a cor de um carro, o curso de uma faculdade, que livro ler, até as escolhas de maior peso como, por exemplo, a de um chefe militar que toma a responsabilidade de um ataque e lança para a morte um certo número de homens, torcemos para que não seja o caso do ditador Norte Coreano Kim Jong-un, enfim, a todo tempo fazemos escolhas, para Sartre é essa a causa da angústia, ao passo que cada escolha que fizermos, outras infinitas possibilidades acabam caindo no abismo, deixando assim de serem vividas, como diz o ditado popular “cada escolha uma renuncia” essa é a vida.

(Alex Domingos)