sexta-feira, 5 de abril de 2013

Ser humano: Um ser de Angústia.





Qual existência nunca se deparou com esse sentimento “misterioso”, chamado angústia? Alguns até podem dar outro nome, mas o fato, é que todos nós estamos sujeitos a ela, simplesmente porque a angústia faz parte da existência humana, em outros termos a angústia é inerente à condição existencial do homem.

O filósofo Dinamarquês, Sóren Kierkegaard (1813-1855), que é considerado o pai do existencialismo, chegou a escrever uma obra inteira dedicada a esse tema, intitulada o conceito da angústia, na obra Kierkegaard conceitua a angústia como o medo do indefinido, ou medo do desconhecido.

Faz total sentido, pois geralmente, quando estamos angustiados não sabemos com precisão o porquê deste sentimento, findamos em procurar um motivo, ou uma causa pra esse sentimento, sendo que muitas vezes atribuímos erroneamente à angústia a uma situação ou um objeto que nada tem a ver com ela, e sofremos por isso.

Tendo em vista que conhecendo a causa desse medo, ele já não será mais angústia, será medo de algo determinado, por exemplo, medo de aranha, medo da morte, medo do futuro, a angústia segundo Kierkegaard, não tem um objeto definido, por isso angústia, por isso o medo do não conhecido.

Nas palavras de Kierkegaard: angústia seria como a vertigem diante de um abismo, diante do que não é mais poderia ser.

Grande maioria das pessoas entende a angústia como algo negativo, depreciativo, ao contrário kierkegaard, considera a angústia como a possiblidade do ser humano alcançar a autenticidade.

Ora quando sentimos angústia, somos capazes de refletir coisas que não o faríamos em situações normais e refletir com autenticidade, pois quando nos deparamos com a angústia perdemos nosso chão, com isso não existe religião que consiga dar conta, não tem filosofia capaz de oferecer uma resposta convincente e não tem moralidade que possa nos abster de tal situação.

Com isso através da angústia, temos a possibilidade, de nos tornarmos seres autênticos, percebendo, o que de fato tem valor significativo em nossas vidas, e aquilo que não tem tanto valor assim.

Kierkegaard chama a atenção também para que o homem, por mais difícil que seja se torne singular, único, pois, para ele a sociedade não passa ainda de um conjunto de criaturas animais que mais se parece com um rebanho.

Para o pensador a maior parte dos homens são somente “eus”, refreados sobre si mesmo, em lugar de tornarem-se verdadeiros “eus”, se transformam numa terceira pessoa genérica.

Mais porque sentimos angústia? De onde será que ela nasce?

O filósofo francês Jean Paul Sartre, também se debruçou sobre tal tema, nessas reflexões, Sartre caracterizou o homem como um ser de angústia: o existencialista gosta de declarar que o homem é angústia. Significa isso: o homem que se compromete e percebe que não é apenas aquele que escolhe ser, mas que é também um legislador.

Há muita gente que não demonstra angústia e até está convencida de não sofrê-la, mas a angústia se aninha constantemente no coração do homem, e pra Sartre: se existir é escolher, existir é sofrer angústia.

O ser humano está lançado no mundo, ele não optou por existir, mas está condenado a ser livre e fazer escolhas que ninguém pode fazer por ele, não devemos por isso, deduzir que um ser transcendente qualquer o teria condenado, a liberdade não é uma pena. Por condenado deve-se entender apenas que o homem, em todas as situações, não pode não escolher, tendo em vista que se o homem escolher não escolher, já fez uma escolha, essa é a única restrição à liberdade.

A todo o tempo estamos escolhendo, desde a cor de um carro, o curso de uma faculdade, que livro ler, até as escolhas de maior peso como, por exemplo, a de um chefe militar que toma a responsabilidade de um ataque e lança para a morte um certo número de homens, torcemos para que não seja o caso do ditador Norte Coreano Kim Jong-un, enfim, a todo tempo fazemos escolhas, para Sartre é essa a causa da angústia, ao passo que cada escolha que fizermos, outras infinitas possibilidades acabam caindo no abismo, deixando assim de serem vividas, como diz o ditado popular “cada escolha uma renuncia” essa é a vida.

(Alex Domingos)

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