sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Estamos perdidos?

 


Caro leitor, faz muito tempo que não escrevo algo por aqui, já que, conforme o tempo vai passando vamos aprendendo a escutar mais do que falar, pensar mais do que dizer. Convenhamos, um mundo onde as pessoas falam sobre tudo, a toda hora e a todo momento, faz crescer o valor do silêncio. 


As coisas andam tão absurdas que o ato de pensar e não correr para a rede social e comunicar aos demais o que foi pensado é como se fosse algum tipo de sacrilégio. É preciso ter opinião sobre tudo, se não você não é levado a sério. Temos que ser “youtuber-influencer”? Estamos perdidos?

 

Já faz um tempo que venho maturando as minhas ideias com a convicção de que só poderei escrever algo que realmente preste quando estiver lá com os meus sessenta anos, caso eu chegue lá, caro leitor. Torço para não passar disso. A vida demasiada longeva não costuma ser algo animador. Nesse meio tempo eu venho tentando transformar as minhas corriqueiras ideias e experiências, em poesia. Confesso que o meu propósito é procurar, procurar até encontrar a razão da minha procura, em outras palavras, quero inflar tanto a palavra até que ela estoure em poesia.

 

A filosofia contemporânea me parece um tanto quanto cansada, não raro, ela acaba tendo que se escorar em outras vertentes do pensamento para que assim seja validada pela comunidade científica. Acredito que produzir filosofia na contemporaneidade é algo desafiador. Uma hora dessas o pensamento filosófico há de ser repreendido por aqueles que não conseguem filosofar. Desde Sócrates foi assim.

 

Pelas experiências que eu tive, percebi que as pessoas se zangam facilmente quando você mostra o seu poder crítico, quase sempre querem tirar uma lasquinha disso. Também querem mostrar que pensam criticamente, porém, sem ter as bases corretas para tal, por isso cometem erros grosseiros, talvez pela ânsia de filosofar da noite para o dia.


Faz algum tempo que venho alertando sobre os perigos de ser auto didata, digo em qualquer coisa que seja. O Brasil viu de perto o caso do Olavo de Carvalho que deturpava tudo que tocava, e ainda assim conseguiu influenciar tanta gente, acredito que isso só foimpossível pelo fato do Brasil ser um país onde há muitas pessoas sem pensamento crítico e sem o cultivo do saber filosófico.


Como no caso do Monark que por ignorância e um pouco de prepotência juvenil e mal caratismo, defendeu a existência de um partido nazista, coisa tão absurda, que só jovens neoliberais com fetiche em liberdade defenderia. Creio que até hoje ele não tenha entendido tamanha repercussão. Na cabecinha dele ele só se expressou incorretamente. Nesse caso o cancelamento veio a calhar, mas não sejamos tão otimistas, ele só foi extirpado do podcast por causa de dinheiro das empresas patrocinadoras, não foi pelo bom senso ou algo do tipo. O Monark foi engolido pela mão invisível do mercado, algo que ele tanto defendeu em suas falas vomitativas.


Quem dera eu tivesse a clareza de um Cioran (filósofo romeno), eu já teria sido cancelado há muito tempo. Não por burrices como do Monark, mas por ousar a pensar a partir da fatalidade. Nem sempre consigo, mas as vezes tenho uns “insides” muito pertinentes, porém o niilismo e a minha preguiça existencial não me permitem fazer mais do que eu faço. Tenho bons momentos de clareza, no restante do meu tempo eu bebo cerveja e escrevo poesias.


Tenho a impressão de que o ser humano caminha num imenso labirinto sem ter o fio para conduzi-lo. Se estamos perdidos; isso não sei caro leitor, só tenho uma vaga impressão sobre isto. Na verdade eu só escrevi este texto para dizer que estou de volta aqui no blog, e é só isso, se chegou até aqui, aquele abraço, deixe seu like, compartilhe, ative o sininho e tchau!


(Alex Domingos)