O filósofo alemão Friedrich Nietzsche, nunca escreveu uma
obra especificamente sobre a originalidade, mas é possível ousar pensar com
base em alguns de seus fragmentos que trata sobre tal.
Originalidade faz parte das mais variadas culturas, com
isso está imersa dentro da nossa própria cultura, todavia antes de qualquer
coisa, temos que recorrer ao que Nietzsche entende por cultura. “A cultura é, acima de todas as coisas, a
unidade de estilo artístico em toda a expressão de vida dum povo”.
Portanto, se para Nietzsche a cultura significa, o estilo
artístico em toda expressão de um povo, podemos inferir, que uma cultura de
cunho mais elevado é aquela que possui uma expressão artística original, que valorize a própria vida. Por isso, a cultura não se resume ao mero saber: é muito mais que isso, ao passo que saber
determinadas culturas, não torna nenhuma pessoa culta, viver a cultura
sim, pode tornar-te culto.
Dessa maneira, a cultura se entrelaça intimamente, com
aquilo que é original, a originalidade é cultura e a cultura deve buscar algo
que lhe seja propriamente original.
Ora, nem precisamos nos remeter a Nietzsche para
percebermos, que a originalidade não provém de algo totalmente novo, as
circunstâncias nos fazem acreditar que é altamente improvável que hoje em dia,
haja a criação de algo completamente novo, a não ser que esse algo venha nada mais
nada a menos que do espaço.
Todos nós sabemos que não existe possibilidade de se
criar alguma obra de arte ou qualquer outra coisa, sem haver como base algum
conhecimento pré-estabelecido, como também não há possibilidade de se criar
nada provindo do nada, logo a originalidade necessariamente deve advir de algum
conhecimento anterior que impulsione o seu modo de criação original.
Segundo Voltaire: “a
originalidade não é mais do que uma imitação criteriosa”, não sei se
ele estava sendo original, mas essa imitação criteriosa como radicalizou
Voltaire, pode ser os resquícios que ficaram de uma base anterior de conhecimento e que foi moldado até chegar em alguma ideia interessante, que propiciou a criação de algo original.
Ter como base algo já estabelecido pela cultura de modo algum quer dizer
que não seja original, mas a imitação pela imitação isso sim, é uma cópia grosseira,
que não contendo a fonte ou criador pode ser considerado plágio. A originalidade tomada simplesmente como a não cópia ainda é muito simplório, por
isso iremos buscar outros viesses.
Nas palavras de Nietzsche: “É quando a arte se veste com o tecido mais usado que melhor se
reconhece como arte”, ou seja, a arte tem que revirar o passado em
busca de aprimorar o presente artístico, olhar para o passado e trazê-lo de uma
forma restaurada, é justamente por essa ótica que estamos nos aproximado
daquilo que Nietzsche acredita ser a originalidade.
Em um de seus aforismas Nietzsche faz uma reflexão sobre
a originalidade: “O cérebro
verdadeiramente original não é o que enxerga algo novo antes de todo mundo, mas
o que olha para coisas velhas e conhecidas, já vistas e revistas por todos,
como se fossem novas. Quem descobre algo é novamente este ser sem originalidade
e sem cérebro chamado sorte”.
A originalidade na ótica nietzschiana é aquela capaz de
pregar uma peça no expectador, renovando aquilo que parecia ultrapassado e já
conhecido, sendo como abrir um antigo baú, e trazer à luz uma interpretação atual,
intima e singular, daquilo que já foi visto.
Convenhamos que a originalidade não seja passível de uma
única interpretação, ela exige vários olhares em torno dela, mesmo assim podemos
findar sem uma definição exata, pois, se a originalidade pudesse ser objetivada
e definida, ela deixaria de ser originalidade. Por isso, nos limitemos em
refletir a perspectiva nietzschiana sobre ela, para que assim possam surgir
novas ideias, novas perspectivas, sobretudo o texto pode ser considerado um
pequeno inicio a essa reflexão, tenho toda certeza que não irão se
deter somente nessas, alias vamos ser originais e pensar a originalidade com
originalidade.
(Alex Domingos)
Nenhum comentário:
Postar um comentário